Quarto De Despejo: Uma Análise Psicanalítica Da Mulher Negra Frente À Violência E Vulnerabilidade Social
Resumo
Este artigo tem como objetivo compreender a leitura psicanalítica da mulher negra diante da violência e vulnerabilidade social, utilizando como instrumento a obra literária “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”. A autora, Maria Carolina de Jesus, foi umas das primeiras mulheres negras a publicar um livro que é um conjunto de diário pessoal e denúncia social acerca das desigualdades vivenciadas pela população. Como instrumento metodológico foi utilizada a Psicanálise extramuros que consiste em aplicar o método psicanalítico fora do contexto tradicional da clínica, analisando os efeitos da cultura e da sociedade na psique humana. A análise da obra entrelaça o conceito de ideal de ego como uma metapsicologia do racismo e o movimento de elaboração que autora realiza por meio da escrita. Para a Psicanálise a cultura propõe um ideal do eu branco, neste acordo cultural o negro nunca será reconhecido, tendo em vista que a sua imagem não está inclusa no ideal, o racismo se perpetua com essa inscrição de um ideal do eu Branco. Conclui-se que Carolina, ao escrever sua obra, recusou-se a ocupar um lugar de subalternidade que em sua condição era esperado, requerendo o direito de construir a sua própria identidade, o seu diário rompe com o silenciamento imposto às mulheres e aos negros, promovendo reflexões e movendo as estruturas racistas da sociedade.Referências
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